O Seminário de Alto Nível “Reflexão sobre o Futuro do MERCOSUL”, organizado pela Presidência Pro Tempore Paraguaia, em seu primeiro dia contou com apresentações e debates de representantes de diversos setores, com painéis temáticos como comércio, fronteira e facilitação do comércio, desenvolvimento da complementaridade e competitividade regional, da coordenação das políticas económicas e do fortalecimento das instituições e da incorporação de regulamentos.

No seu conjunto, o Seminário permitiu partilhar opiniões de organizações internacionais como a Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD), Organização Mundial do Comércio (OMC), Associação Latino-Americana de Integração (ALADI), Comissão Económica para a América Latina e o Caribe (CEPAL), Banco de Desenvolvimento da América Latina e do Caribe (CAF), Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e Banco Mundial. Além disso, houve um espaço para os setores empresariais expressarem suas preocupações e necessidades.

Os think tanks dos quatro países, especializados em integração regional, também manifestaram sua posição em relação às medidas de coordenação econômica. Outro segmento abordou aspectos relacionados à institucionalidade do bloco, que incluiu a visão dos representantes do Parlasul na Comissão de Representantes Permanentes do MERCOSUL (CRPM).

No início foi feita uma breve revisão do começo das negociações para a criação do MERCOSUL, das dificuldades e desafios que enfrentaram, bem como das importantes conquistas e avanços alcançados nestas três décadas.

Este processo de integração leva à necessidade de realizar uma análise das políticas macroeconômicas, através de um diálogo claro que procure soluções para qualquer distorção de convergência na aplicação destas políticas.


MERCOSUL produz 30% dos alimentos do mundo

Em outro painel, foi discutida a necessidade de avançar para a construção do MERCOSUL Verde, o que implica trabalhar cada vez mais estreitamente com os setores produtivos, tendo em conta que a região produz 30% dos alimentos que o mundo necessita, o que é um aspecto muito importante a levar em consideração.

Deixar de olhar a realidade com uma perspectiva ou visão do passado é um desafio importante, porque devemos ter em conta que o mundo mudou e precisamos de novos atores, além de também nos aproximarmos mais aos cidadãos, para que possam compreender os direitos e benefícios que têm hoje, e que talvez não percebam, porém que são graças ao processo de integração.

Através do Estatuto da Cidadania poderão aprender melhor que hoje é possível viver, estudar e trabalhar no MERCOSUL. No entanto, existem outros direitos que contam hoje e que devem ser acrescentados, para os quais está sendo feito o trabalho e há um mandato para relançá-lo com estas novas adições. Por fim, também foi discutido outro desafio, que está relacionado com a busca constante pela justiça social em favor dos cidadãos.


Ter em consideração os aspectos geopolíticos

O MERCOSUL como bloco econômico regional alcançou conquistas significativas, mas a complementaridade é crucial para um futuro sustentável, apontaram em um dos painéis, ao mesmo tempo em que apontaram que as mudanças geopolíticas e econômicas impactam o desenvolvimento das empresas e, sobretudo, do setor industrial.

Afirmaram também que para além das flexibilizações, é necessária a honestidade, o conhecimento dos direitos e obrigações, bem como o fortalecimento da zona de comércio livre, para que as sociedades possam desenvolver-se melhor.

São necessários processos de complementaridade e generosidade para competir externamente, além de enfatizar a inovação e a transformação industrial, apontaram representantes do setor industrial em um dos painéis.

O Seminário segue nesta quarta-feira em Assunção, com outros painéis como os de fortalecimento da integração política e social; MERCOSUL: pontos fortes, oportunidades, desafios e ameaças; MERCOSUL diante do futuro: agenda para uma integração possível; todos com suas respectivas discussões e análises interativas sobre as abordagens nos diferentes espaços do evento.

Dia 2: 8 de maio

Painel 5: “Fortalecimento da integração política e social”
Moderadora: Magdalena Bas, especialista do MERCOSUL
Painelistas:
Embaixadora Helena Felip, Coordenadora Nacional do Fórum de Consulta e Coordenação Política (FCCP) do Paraguai
Embaixador Mariano Vergara, Coordenador Nacional da FCCP da Argentina
Fernando Iglesias, Deputado Nacional da Argentina
Embaixador Francisco Pessanha Cannabrava, Coordenador Nacional da FCCP do Brasil
María Eugenia Brunini, Coordenadora Nacional Suplente da FCCP do Uruguai
Andressa Caldas, Diretora do Instituto de Políticas Públicas em Direitos Humanos do MERCOSUL (IPPDH)
Mariana Penadés, Diretora do Instituto Social do MERCOSUL (ISM)

Painel 6: “MERCOSUL: Pontos Fortes, Oportunidades, Desafios e Ameaças”
Moderador:
Ricardo Rozemberg, Especialista em Integração e Comércio (BID INTAL).
Painelistas:
Cesar Barreto, economista e especialista paraguaio
Dante Sica, especialista da Argentina
Marcus Maurer de Salles, especialista do Brasil
Marcel Vaillant, especialista do Uruguai

Painel 7: “MERCOSUL olhando para o futuro. “Agenda para uma possível integração”
Moderador: Sergio Abreu, Secretário Executivo da ALADI
Painelistas:
Embaixadora Patricia Frutos Ruíz, Coordenadora Nacional do Grupo Mercado Comum (GMC) do Paraguai
Embaixador Gabriel Martínez, Coordenador Nacional Suplente do GMC da Argentina
Embaixador Francisco Pessanha Cannabrava, Coordenador Nacional Suplente do GMC do Brasil
Embaixador Juan Alejandro Mernies Falcone, coordenador nacional do GMC do Uruguai

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